Minha luta é constante!

Em 1981, após ser aprovado no concurso público para Rede Ferroviária Federal, que foi efetuado no 1º momento, no Maracanã para cerca de 30 mil candidatos, e que contemplaria 300 nomes. Ingressei nos quadros da empresa, ainda federal, como eletricista de manutenção. Com 04 mêses de empresa, devido a minha formação técnica, fui encaminhado para o quadro de operadores de subestações e seccionadoras elétricas.
Durante anos, atuei como militante sindical, na luta pelos direitos de minha categoria, entre elas o PCC(Plano de Cargo e Carreira) ou PCS(Plano de Cargos e Salários). Minhas participações no movimento, com certeza contribuíram para alguns avanços da classe. Com a mudança política, implementada pelos governos FIGUEIREDO,SARNEY,COLLOR/ITAMAR e FHC em seus dois mandatos, houve um processo de arrocho salarial, distinguindo o aumento do salário mínimo dos salários maiores, o piso subia e o teto baixava! Por isso o nome arrocho. Muitos funcionários públicos, entre eles nós ferroviários, para manter o padrão de vida, se via obrigado a endividar-se, aí entravam os agiotas(barnabés), que emprestavam dinheiro com juros em torno de 20% ao mês, uma verdadeira bola de neve avalanche abaixo.
E Rede Ferroviária, foi 1º desvinculada, ficando a RFFSA com cargas e a estadualizada CBTU com passageiros(83/84), depois a CBTU se desvinculou do operacional que passou a denominar FLUMITRENS(anos 90), ainda estadualizado. Nisso nosso salário ia só sofrendo quedas sobre quedas, o movimento sindical enfraquecendo, e os ferroviários empobrecendo.
Em 1994 com a eleição de FHC, o que era ruim, ficou pior, pois foi instituído o PDV(Plano de Demissão Voluntária). Desgastado por derrota em eleição interna sindical, onde defendia e incorporava um chapa de oposição, devido ao racha da diretoria sindical que já não se entendia. Fui estimulado a entrar com o pedido de demissão voluntária, e avaliei que seria uma solução para o pagamentos das dívidas que contraíra ao longo dos anos de arrocho, e assim o fiz. Para isso fui orientado a abrir mão de minha estabilidade sindical, já que ainda era delegado sindical e não poderia ser demitido por isso. Preenchi uma carta no sindicato e encaminhei ao RH da empresa. Assim, consegui meu PDV, em julho de 1995.
Com isso, minha aposentadoria que aconteceria em 2006, já que minha função específica, era vinculada à aposentadoria especial, não aconteceu, devido a derrota de Lula e a vitória de FHC em 1994.
Sei que meu caso não é isolado, assim como eu, muitos foram vítimas desses desgovernos, e sofreram e ainda sofrem com isso. Alguns deram a volta por cima, outros caíram na sarjeta, outros continuam na luta por justiça. Mas se LULA tivesse sido eleito em 1994, eu hoje estaria aposentado desde 2006 e com certeza com um bom salário.
Minha militância é suada e sofrida, mas sou aguerrido e comprometido com meus ideais de luta por uma sociedade mais Justa, Fraterna e Igualitária, uma bandeira Socialista, que aprendi a empunhar no Movimento Sindical e na minha adesão aos quadros de militantes filiados do PT, ainda no início dos anos 80.
Aposentadoria? Quem sabe um dia eu consiga me aposentar? Sei que trabalho, e muito de segunda à sábado, há tempos dividindo minha vida entre minha humilde empresa e minha militância petista!
Agora tem coisa que ninguém me tira!
-Sentei nos trilhos da Central em 1985 com Batistinha e Carlos Santana, para impedir a saída do Trem Paulista na 1ª greve dos Ferroviários pós ditadura!
-Representei Vila Cruzeiro nos períodos de 1996 à 2009, mesmo sem nunca lá ter morado!
Fiz muita coisa louca na luta pela causa operária e pelos trabalhadores, e cidadãos do bem, em geral!
Por isso, as vezes me indigno com certas coisas que insistem em acontecer no partido que incorporei como uma das minhas principais razões de viver!